sexta-feira, 5 de junho de 2009

Hinos

Três países bem próximos, três jogos de futebol, três hinos desrespeitados. Em pouco menos de um ano, o símbolo máximo de três nações foi desrespeitado num evento desportivo. Será que o desporto, no caso o futebol, está acima do hino do país?

15 de Outubro de 2008, Stade de France, Paris
Frente a frente França e Tunísia. Num estádio repleto de adeptos, na sua maioria tunisinos, «A Marselhesa» foi vaiada num momento que mostrou o ambiente de crispação entre franceses e os elementos das ex-colónias. Cenário idêntico já havia sucedido no França - Marrocos e no França - Argélia, mas à terceira a comunidade política francesa explodiu! Nicolas Sarkozy, Presidente da República francesa, considerou este comportamento «escandaloso», enquanto a ministra do Desporto avisou que «todos os futuros jogos em que o hino nacional francês for assobiado serão imediatamente cancelados». Por parte dos jogadores, Ben Arfa, membro da selecção da selecção francesa de ascendência tunisina levou uma enorme assobiadela por parte dos adeptos visitantes. Não merecerá um hino nacional o «fair-play» tão badalado ultimamente?

13 de Maio de 2009, Estádio Mestalla, Valência
Dia de festa em Espanha, com o jogo de atribuição da Taça do Rei, Barcelona e Atlético de Bilbau em disputa. Duas comunidades com tendências separatistas em confronto, duas ideologias contra a nação espanhola e muita polémica. No momento em que a «Marcha Real» começou a ser entoada, os milhares de adeptos que enchiam as bancadas do estádio do Valência começaram a apupar veemente o hino nacional, mostrando bem alto as suas discórdias em relação ao poder central. De costas voltadas para o Rei, os adeptos insultaram o emblema daquela que é a sua nação, quer queiram quer não! Os jogadores catalães mantiveram-se alheios ao incidente, porém por parte dos bascos a sua maioria nem palmas bateu no final do hino, quanto mais respeito.
A televisão espanhola TVE, num acto de «desespero» cortou o momento do hino, passando a emissão para repórteres nos estádios de modo a evitar a difusão do hino com os assobios em pano de fundo, passando o hino «limpo» durante o intervalo. O director de desporto da televisão pública espanhola TVE, Julián Reyes, responsável pelo corte de emissão foi imediatamente destituído do cargo por ter evitado que o hino fosse desrespeitado para todo o país. Coloca-se a pergunta, dava jeito à TVE que o hino fosse exibido com assobios para todo o país?

31 de Maio, Estádio Nacional, Lisboa
Final da Taça de Portugal de futebol, Paços de Ferreira contra o FC Porto. As equipas entram em campo, perfilam-se para a tribuna presidencial enquanto o hino começa a ser entoado. Das bancadas vem um som ensurdecedor por parte dos adeptos portuenses, e na parte final, no mítico «Às armas, às armas!» ouviu-se da bancada Sul um cântico a entoar «Campeões, Campeões, nós somos campeões»! Será que não sentem verdadeiramente o seu país? Será que pretendem seguir os passos dos seus “parceiros” bascos e catalães e tornarem-se independentes? Será que a música que homenageia aqueles que fizeram do nosso país o maior do mundo em tempos, não merece algum respeito? Mesmo que para eles o Presidente da República ou o hino não mereçam respeito, Vasco da Gama ou Pedro Alvares Cabral não o merecerão pelos mundos além fronteiras conquistados?

Portugal, Espanha e França, três países tão diferentes mas com mesmos problemas, a falta de patriotismo. Quantos são os portugueses que sabem o hino nacional? Quantos o sentem quando é entoado? Quantos o cantam em altos berros, a exemplo do que a selecção de râguebi fez na sua presença no campeonato do mundo da modalidade? Suponho que sejam poucos… Eu posso-me orgulhar de saber o hino e de o ouvir com enorme entusiasmo e atenção. Sempre que o ouço, orgulho-me de ser português! Ouçam e vejam (até aos 1.05min) como se deve sentir o hino nacional!



Fábio Lima, nº 35420

2 comentários:

  1. há quem n saiba o hino nacional lol

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  2. Se o hino é uma composição que serve para exaltar o patriotismo das massas para com uma nação, então torna-se um símbolo político como tantos outros e como sabemos, na política há questões complicadas. Como disseste, a reacção dos adeptos de descendência magrebina origina de rancores do tempo das colónias. No que toca ao caso espanhol, bascos e catalães são ambos conhecidos pela pouca simpatia que sentem para com o governo central. Embora concorde a 100% contigo de que é uma atitude muito pouco desportiva, a ocorrência destes casos não devem surpreender ninguém.
    No que toca ao caso dos adeptos do Porto, aí sim devo dizer que acho um pouco estranho. Calculo que tenha sido para "picar" um pouco e marcar a diferença, já que estavam na capital. Arrisco-me a dizer que muitos dos adeptos que participaram no "desrespeito" se sentem tão portugueses como qualquer um e já cantaram o hino como tantos outros.

    É claro que um pouco de patriotismo é sempre bonito e pode também ser motivo de orgulho, até porque o valor de uma bandeira ou um hino é apenas o valor que lhe dão; no entanto, há que respeitar que existem pessoas que não pensam da mesma maneira. E é nesse Portugal, onde isto é possível, que eu tenho orgulho.

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