segunda-feira, 15 de junho de 2009

Internet - Lugar de Hibridismo e de Nomadismo

O ambiente comunicacional promovido pelas redes e serviços telemáticos têm na sua essência a dimensão de híbrido, o que lhe dá uma natureza inovadora. Esta dimensão de hibridismo tem várias facetas que têm em comum a experiência da oscilação. Uma das dimensões em que o fenómeno é mais patente é na questão do local e do global.
Quando se utilizam os serviços em rede o sujeito fica suspenso entre o seu enraizamento local e a sua pertença global. O indivíduo vive a dimensão de híbrido quer pela possibilidade de incorporar tecnologia no seu corpo, quer pela fusão da identidade com a dinâmica da interacção telemática. A rede e serviços telemáticos são em si mesmo híbridos enquanto linguagem porque acolhem simultaneamente escrita, imagem, som, vídeo, unido pela estrutura de interactividade. É neste ambiente comunicacional, em que as fronteiras se diluem, que se desenvolve uma nova geografia que deixa de ter como elementos estruturantes o espaço e o tempo e passa a ter como estrutura os nós de conhecimento e de aglutinação motivacional como ímanes de atracção dos habitantes desse novo espaço.
Umas das particularidades dos sujeitos que utilizam o ciberespaço enquanto espaço de vivência é o nomadismo, na medida em que a ausência de átrio espaço temporal convida á mobilidade, que é dirigida pelas necessidades de informação, de saber e de pertença. Geram-se novos mapas cognitivos e novos laços sociais.


Ana Filipa Pereira, nº 35414

A Globalização

A globalização afecta todas as áreas da sociedade, principalmente a comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta. A globalização das comunicações tem a sua face mais visível na internet, graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada a imprensa local, agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como factor de limitação a barreira linguística.
Outra característica da globalização das comunicações é o aumento da universalização do acesso a meios de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de infra-estrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. Hoje uma inovação criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias e virar sucesso de mercado. Redes de televisão e imprensa multimédia em geral também sofreram um grande impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, algumas vezes por televisão por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro, desde NHK do Japão até Cartoon Network americana.
Pode-se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa accionado pela globalização tem impactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia, ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de informação a terem acesso a informação de todo o mundo, mostrando a elas como o mundo é e se comporta. Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto enorme quantidade de recursos para limitar o tipo de informação que os seus cidadãos tem acesso.

Susana Apolónio, nº 29814

25 de Abril de 1974

Não. Este não é mais um dos já fastidiosos posts, artigos, reportagens e afins que servem todos os anos de elegia ao dia que mudou a sociedade portuguesa quase na totalidade. Repito, quase na totalidade. De facto, este post serve mais como um manifesto contra a mentalidade do povo português. Passados 35 anos de democracia pluripartidária, três décadas e meia depois da queda da ‘velha-senhora’ ainda paira no ar aquela sombra – lugar-comum em romances e em filmes -, que agoira alguém insistentemente. Esse cliché cinematográfico aplica-se ao povo português como se aplica a um filme de Hitchcock ou a um livro de ficção científica.
Trinta e cinco anos depois, continuamos a viver com pequenos Salazares na cabeça. Fala-se mal da religião e, se não nos sentimos mal com isso (culpa de uma educação impregnada de anti-laicismo), são os que nos rodeiam que nos apontam os dedos, quais lápis azuis. Não blasfemarás o teu Deus! Nunca ultrapassámos o trauma da censura e o ‘complexo salazar’ devia constar no dicionário das doenças mentais.
No entanto, vivemos ao lado de um país que esteve tanto tempo quanto nós em ditadura e fico estupefacto quando vejo casamento homossexual, orgulho pela pátria (o futebol não conta) e acima de tudo pela cultura da pátria. Em Portugal, um filme português nunca presta e muitos de nós só o via se nos pagassem para isso. Em Espanha os filmes nacionais estão nos tops. Em Portugal, ler Camões, Eça e Pessoa é um exercício de masoquismo e Nicholas Sparks é um senhor da Literatura. Em Espanha, Cervantes é um herói nacional. Herói lido, diga-se de passagem.
Expostos estes considerandos, ainda que reduzidos, sobre a mentalidade portuguesa, fico estupefacto quando vejo alguém falar mal da política! Como é que uma pessoa que não nutre o mais ínfimo amor pela nação tem o desplante de falar mal de quem a dirige? Como é que alguém que nem sequer sabe quem são os candidatos às europeias pode ousar dizer que são todos uns gatunos, não os conhecendo sequer? Estas perguntas respondem-se com uma só palavra: libertinagem, a condição dos portugueses desde o dia 25 de Abril de 1974. Se é verdade que nos tempos idos da ditadura o povo votava mas não escolhia um representante, hoje em dia nem se digna a votar. Basta ligar a televisão ou abrir um jornal e somos cidadãos activos, cumpridores de todos os deveres.
No programa Os contemporâneos foram deixadas algumas soluções para combater a abstenção de voto. Isto sim levaria a recordes de voto nunca antes vistos.








Adriano Narciso, nº 34026

sábado, 13 de junho de 2009

Afinal o melhor emprego do mundo é no algarve


Depois do britânico Ben Southal ter sido o escolhido entre milhares para ter o “melhor emprego do Mundo” durante seis meses numa ilha paradisíaca na Austrália onde apenas terá de alimentar peixes, limpar a piscina e publicar um vídeo por semana no blog sobre a ilha (http://afritrexben.blogspot.com/) em troca de 83 mil euros, vem agora a público que “o verdadeiro melhor emprego do mundo” é no Algarve, mais propriamente no Rock One Portimão 09.
Os responsáveis por este festival de música irão seleccionar entre 6 a 10 pessoas para desempenhar as funções de relações públicas e animadores durante os 4 dias do evento (5 a 8 de Agosto) que se irá realizar no Autódromo Internacional de Portimão.
Quem for um dos escolhidos terá como função o acompanhamento de artistas, convidados, elementos da organização, jornalistas, patrocinadores ou outros visitantes.
Para concorrer (data limite foi 11 de Junho) era necessário ter uma idade compreendida entre os 16 e os 36 anos, e ter adquirido o bilhete para os 4 dias do festival (80€). Depois é só preencher um formulário que se encontra online no site http://www.rockone.pt/ (juntamente com uma fotografia de corpo inteiro) e esperar que se seja chamado para o casting onde os critérios de escolha serão: cultura geral, capacidade de comunicação e relacionamento, conhecimento de línguas, aprumo moral e presença física.
O que chama a atenção é a quantia que os seleccionados irão ganhar por 4 dias de trabalho: 20 mil euros.
Metade dessa quantia será paga em dinheiro e a restante metade será atribuída em vales de compras. Os escolhidos ficarão ainda hospedados num hotel de 5 estrelas da cidade de Portimão entre os dias 1 e 8 de Agosto, tendo também durante esse período um carro topo de gama à disposição. E nem aqueles que não tiverem carta de condução ficam a perder pois a organização disponibiliza-se a contratar um motorista.
Fazendo as contas, cada um dos “relações públicas” (que serão revelados dia 31 de Julho) ganhará cerca de 5 mil euros por dia.
Sem dúvida, aqui se revela uma grande estratégia de marketing.
vanessa costa, nº 34051

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Confissão

Gosto de ti três vezes por semana. Quando estás em silêncio, quando visitas o teu filho e quando me dizes boa noite.
Casámos há três anos, e em trezentos e sessenta e cinco dias de medo a multiplicar por três dígitos de solidão, ainda não descobri com que código encontrar o caminho do teu coração.
Deambulas pela casa, falas muito e nunca sabes que dizer, trazes nas mãos a doçura de uns lábios doces que ainda não aprendi ao certo como beijar.
Saio cedo e chego tarde. Encontro-te muitas vezes a dormir, como se o sono, por instantes, fosse o remédio para a dor e para o medo, o antídoto para as horas de solidão em que o meu corpo se encontra demasiado distante do teu.
Escrevi para dizer-te uma frase, uma frase apenas:
Ontem fui à igreja.
Disseste que me faria bem, disseste que me ajudaria a esquecer.
Não me recordo de todas as tuas palavras, como disse, falas de mais e eu, por vezes, escuto pouco.
Recordo-me apenas da tua expressão, das maçãs do teu rosto, do carinho do teu olhar.
Pediste-me que fosse.
- Precisas perdoar-te,
Disseste.
Como poderei perdoar-me se nunca saberei perdoar? Como poderei olhar-te, se nunca deixei que me olhasses? Como poderei esquecer-me se é o esquecimento que me mata por dentro?
Sentei-me. Ele olhou-me sem saber que eu nunca poderia olhá-lo. Disse-me:
- Que te traz por cá?
E eu, como no psicólogo, a fingir, sempre a fingir.
Ele sorri. Não tem medo da verdade. Encontra-a vezes demais.
Num instante, diz-me:
- Há quanto tempo o fizeste?
-3 meses , respondo eu.
Entendo agora que o melhor é começar pelo fim, ajuda-nos a ganhar coragem.
- Arrependes-te? - pronuncia na sua voz rouca e austera.
- Não. Por isso nunca saberei como perdoar-me - respondo-lhe.
Ele escuta o silêncio, entende que se trata de amor, apenas o amor pode falar assim, sem sentido, sem razão, e no entanto, tão profundamente carregado de mágoa.
Diz-me minutos depois uma frase que dificilmente esquecerei,
- O amor perdoa. O amor perdoa sempre.

Isa Mestre nº 34028

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Gatekeepers na Comunicação na Internet

No rescaldo do mês em que se comemora do dia de liberdade de impressão debruço-me sobre a casa do nosso blogue, a internet. E sobre a forma como as novas tecnologias, mais concretamente a Web 2.0 pode acabar com os gatekeepers e com as limitações convencionais de uma redacção, assim como medeia novas formas de comunicação.


É indiscutível, a nossa sociedade actual é vista como uma sociedade de informação e não é a toa que se usa esse termo. Há quem fale em sociedade de informação há quem fale em sociedade informacional, no sentido em que é utilizada como forma de atingir uma certa produtividade e apelando mais ao carácter da publicidade. Mas o que e certo é que a informação é central nas nossas vidas, na nossa sociedade.
Os meios de comunicação electrónicos, interactivos são de facto estruturantes nas construções das nossas relações na interligação cada vez maior entre a nossa esfera privada, entre o trabalho e lazeres. São a forma de mediar tudo a nossa vida e as nossas relações sociais.
Fernando carrapiço, professor de Informática e Tecnologias da Comunicação defende que « A Web 2.0 trouxe uma mais-valia muito forte à comunicação, na medida em que permite que haja novos públicos, que haja novas ferramentas e que a exposição e a recolha de informação seja feita de maneira diferente».

Se por um lado temos uma opinião em que a Web 2.0 é vista como uma possibilidade de se estabelecer comunicação com um público mais atento, e nessa medida ser mais interactivo e fugir dos limites convencionais de segurança da informação enquanto necessidade de controlo, «há uma fuga de controlo, e isso permite que a informação circule mais limpa, no sentido de ser mais pura, e mais fidedigna» como defende o professor.

Por outro temos a opinião da professora Filipa Cerol Martins, que lecciona disciplinas como Discurso dos Media e Jornalismos Televisivo e que já trabalhou como jornalista, que defende que a Web 2.0 poderá «não libertar os jornalistas de gatekeepers, porque eles têm que existir de qualquer maneira». Afirmando que o jornalista continua a ter as mesmas fontes, a partilhar as notícias com os seus colegas, continua a trabalhar num registo de uma redacção. Chegando mesmo a afirmar que a Web 2.0 pode em alguns casos criar mais um gatekeeper, que é o próprio leitor enquanto produtor da informação.

A ex-jornalista defende que o facto de haver mais ou menos gatekeepers não invalida que haja mais ou menos transparência no processo, e talvez a Web 2.0 permita essa interactividade, permita que haja mais velocidade e por outro lado mais transparência no processo, embora o jornalista tenha menos tempo para fazer justiça aquela que e a sua função que é mediar a sua função correctamente.

Numa altura em que se recorda o ganho da liberdade de expressão coloca-se em causa até que ponto os ideais e os limites convencionais de uma redacção não poderão funcionar como gatekeepers a um jornalista ou a alguém interessado em publicar um artigo de opinião.
A internet funciona como um espaço de partilha, de exposição e crítica de diversas matérias. Mas como tudo na vida apela-se ao bom senso do utilizador para que dela possamos tirar o maior proveito e expressar a sua opinião valorizando o facto de o podermos fazer livremente e reconhecendo a seriedade que o anonimato por trás de críticas tem na nossa sociedade actual.

Existem imensos comentários em blogues ou noutras plataformas de comunicação na internet em que os autores se refugiam atrás do anonimato para dizerem ou fazerem acusações menos apropriadas e que não se sentiriam a vontade para o fazer noutra situação.

Mas por outro lado temos casos em que a Web 2.0 concede alguma liberdade de expressão no mundo virtual, é o caso de yoani sanchez, que lhe permite exprimir sobre certos assuntos o que em praça pública no seu país, Cuba, não o poderia fazer. Com pena de ser severamente punida.

A Web 2.0 mostra-se assim como um refúgio a pressões politicas, mas não devemos encarar como uma Meca, mas sim como algo, que quando usado correctamente pode servir para comunicarmos, uma capacidade e acima de tudo necessidade do Homem.

A Web 2.0 apresenta-se assim como uma poderosa arma de difusão da mensagem.

O post de 30 de Abril no seu blogue Geration Y dizia que o MSN tinha sido cancelado no seu país, «agora a proibição vem do outro lado, precisamente da parte dos que fizeram um programa que nos ajudava a escapar do controle. “Foi interrompido Windows live Messenger IM para os usuários de países embargados pelos EEUU” diz a nota que a Microsoft publicou anunciando o corte. Sinto que com ela, nós os cidadãos, voltaremos a perder, pois os nossos governantes têm os seus próprios canais para se comunicarem com o resto do mundo. Isto é - claramente - um golpe para os internautas, aos “foragidos da rede” que somos quase todos os que entramos na Internet desde Cuba».


Mas a pergunta mantêm-se, podemos ou não exprimirmo-nos livremente através da internet e das ferramentas de comunicação que a Web 2.0 põe ao nosso dispor?
O blogue de CC tem aproveitado o que a Web 2.0 nos dá de melhor!

Sofia Trindade nº 35415

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Jardim Zoológico da liberdade de imprensa

Há lobos e cordeirinhos, mas quem é que está na lista negra de quem no jardim zoológico da liberdade de imprensa?
Menos de um ano depois de ter saído da lista negra dos países patrocinadores do terrorismo, tida pelos Estado Unidos, a presença da Coreia do Norte nessa lista volta a ser colocada em questão.
Entre os vários motivos que apontam para tal, fala-se nos mais recentes testes nucleares, feitos pela Coreia do Norte, mesmo depois de fortemente condenados os primeiros testes. Mas o motivado mais forte tem mesmo a ver com o que se fala e de que forma se fala.
Num atentado direccionado à liberdade de imprensa, que me preocupa especialmente como aluna de ciências da comunicação, mas também como membro da aldeia global, a Coreia do Norte condenou hoje, dia 8 de Junho, duas jornalistas americanas, Euna Lee e Laura Ling – ambas da cadeia de televisão Current TV, a 12 anos de trabalhos forçados.
Na lista negra da censura coreana encontram-se as duas jornalistas, por alegadamente terem passado de forma ilegal a fronteira. As mesmas foram detidas em Março passado, enquanto trabalhavam numa reportagem junto à fronteira da Coreia do Norte com a China.
A tomada de posição de Pyongyang, já foi condenada pelo Japão e pelos Estados Unidos da América, tendo a Casa Branca feito saber que que Barack Obama está “muito preocupado”.
Aproximadamente dois meses depois de se comemorar o dia internacional da liberdade de imprensa parece haver grandes restrições à mesma, as quais nem o Ocidente parece conseguir combater.
O comunicado da Casa Branca salienta que os EUA estão a usar "todos os canais possíveis" para obter a libertação das duas jornalistas.
Depois de te ter contado a história do capuchinho azul da imprensa, deixo que escolhas o lobo mau, porque zebras e listas pretas hão de haver sempre, no jardim zoológico da liberdade de imprensa onde é olho por olho, ouvido por ouvido e boca por boca!


Tânia Marques, nº 34050

Tensão-Final-de-Semestre

Numa altura em que se aproxima o final do ano e em que os alunos só já pensam na praia (que ao fim ao cabo está aqui tão perto) existem inúmeras razões que fazem os estudantes continuarem agarrados a folhas, livros e computadores.
O problema é que os professores insistem em marcar todas as tarefas – trabalhos de grupo, recensões individuais, frequências – para as duas últimas semanas do semestre.
A minha pergunta é: porque não é o trabalho distribuído ao logo do semestre, doseando assim a quantidade de trabalho a executar pelos alunos? Se assim fosse os estudantes universitários poderiam agora estar menos subcarregados e poderiam então desfrutar da larga costa Algarvia que os acompanha em todo o seu percurso escolar.
Num período pós semana académica, os horários e ritmos de trabalho ainda não voltaram ao normal. Regulados pela rotina do deitar de manhã e levantar à noite (ou quase), os alunos encontram agora semanas de horror e de levar as mãos à cabeça, não de ressaca, mas de apresentações e frequências todos os dias (sensivelmente).
Por outro lado, a culpa também é dos alunos. Querem semana académica (com tudo o que esta acarreta), querem praia, dormir… mas esquecem-se dos trabalhos. Primeiro, deixam os professores marcar os trabalhos todos para o fim do semestre, depois só os começam a fazer uns dias antes da data limite de entrega.
A minha sugestão é, porque não entramos todos em consenso e conseguimos que ambas as partes saiam beneficiadas?!


Mariana Soares, 34040

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Hinos

Três países bem próximos, três jogos de futebol, três hinos desrespeitados. Em pouco menos de um ano, o símbolo máximo de três nações foi desrespeitado num evento desportivo. Será que o desporto, no caso o futebol, está acima do hino do país?

15 de Outubro de 2008, Stade de France, Paris
Frente a frente França e Tunísia. Num estádio repleto de adeptos, na sua maioria tunisinos, «A Marselhesa» foi vaiada num momento que mostrou o ambiente de crispação entre franceses e os elementos das ex-colónias. Cenário idêntico já havia sucedido no França - Marrocos e no França - Argélia, mas à terceira a comunidade política francesa explodiu! Nicolas Sarkozy, Presidente da República francesa, considerou este comportamento «escandaloso», enquanto a ministra do Desporto avisou que «todos os futuros jogos em que o hino nacional francês for assobiado serão imediatamente cancelados». Por parte dos jogadores, Ben Arfa, membro da selecção da selecção francesa de ascendência tunisina levou uma enorme assobiadela por parte dos adeptos visitantes. Não merecerá um hino nacional o «fair-play» tão badalado ultimamente?

13 de Maio de 2009, Estádio Mestalla, Valência
Dia de festa em Espanha, com o jogo de atribuição da Taça do Rei, Barcelona e Atlético de Bilbau em disputa. Duas comunidades com tendências separatistas em confronto, duas ideologias contra a nação espanhola e muita polémica. No momento em que a «Marcha Real» começou a ser entoada, os milhares de adeptos que enchiam as bancadas do estádio do Valência começaram a apupar veemente o hino nacional, mostrando bem alto as suas discórdias em relação ao poder central. De costas voltadas para o Rei, os adeptos insultaram o emblema daquela que é a sua nação, quer queiram quer não! Os jogadores catalães mantiveram-se alheios ao incidente, porém por parte dos bascos a sua maioria nem palmas bateu no final do hino, quanto mais respeito.
A televisão espanhola TVE, num acto de «desespero» cortou o momento do hino, passando a emissão para repórteres nos estádios de modo a evitar a difusão do hino com os assobios em pano de fundo, passando o hino «limpo» durante o intervalo. O director de desporto da televisão pública espanhola TVE, Julián Reyes, responsável pelo corte de emissão foi imediatamente destituído do cargo por ter evitado que o hino fosse desrespeitado para todo o país. Coloca-se a pergunta, dava jeito à TVE que o hino fosse exibido com assobios para todo o país?

31 de Maio, Estádio Nacional, Lisboa
Final da Taça de Portugal de futebol, Paços de Ferreira contra o FC Porto. As equipas entram em campo, perfilam-se para a tribuna presidencial enquanto o hino começa a ser entoado. Das bancadas vem um som ensurdecedor por parte dos adeptos portuenses, e na parte final, no mítico «Às armas, às armas!» ouviu-se da bancada Sul um cântico a entoar «Campeões, Campeões, nós somos campeões»! Será que não sentem verdadeiramente o seu país? Será que pretendem seguir os passos dos seus “parceiros” bascos e catalães e tornarem-se independentes? Será que a música que homenageia aqueles que fizeram do nosso país o maior do mundo em tempos, não merece algum respeito? Mesmo que para eles o Presidente da República ou o hino não mereçam respeito, Vasco da Gama ou Pedro Alvares Cabral não o merecerão pelos mundos além fronteiras conquistados?

Portugal, Espanha e França, três países tão diferentes mas com mesmos problemas, a falta de patriotismo. Quantos são os portugueses que sabem o hino nacional? Quantos o sentem quando é entoado? Quantos o cantam em altos berros, a exemplo do que a selecção de râguebi fez na sua presença no campeonato do mundo da modalidade? Suponho que sejam poucos… Eu posso-me orgulhar de saber o hino e de o ouvir com enorme entusiasmo e atenção. Sempre que o ouço, orgulho-me de ser português! Ouçam e vejam (até aos 1.05min) como se deve sentir o hino nacional!



Fábio Lima, nº 35420

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Fecho de Guantánamo, para quando?



Parecia uma utopia, mas o fecho da prisão de alta segurança americana situada na base naval de Guantánamo, em Cuba, se afigurava real aquando das promessas do então candidato à Presidência da terra do Uncle Sam: Barack Obama.
O candidato prometeu, os estado-unidenses votaram, e ele venceu. No entanto, as várias vidas encarceradas sob condições desumanas, culpadas ou não, continuaram a definhar, e a utopia voltou a tornar-se uma constante.
No passado 20 de Maio, o Senado norte-americano chumbou o pedido feito pela Casa Branca, 80 milhões de dólares (58 milhões de euros ) que Obama pediu para pagar as operações de encerramento da prisão. Apesar da polémica interna e das dificuldades em obter o dinheiro, Obama reafirmou a promessa do fecho até Janeiro de 2010.
Para além disto, ordenou o encerramento dos centros de detenção que a CIA mantém actualmente no estrangeiro para os suspeitos de terrorismo.
Herdada pelos E.U.A, no fim da guerra com os espanhóis em 1988, a base naval de Guantánamo é tida por muitos como punição por uma vida criminosa, ou, talvez, como um encarceramento sem explicação. Para a maioria dos reclusos é um inferno de torturas. Para certa Miss Universo é um local “relaxante, calmo e lindo, uma experiência inesquecível”. É, ainda considerada, para alguns como prova válida que se faz justiça. Bush encarou-a como uma "arma com grades para condenar a ameaça terrorista", e para Obama significa mais um capítulo que terá de acabar no livro da administração Bush. Porém, para a grande pluralidade de pessoas é um modelo contra a democracia e os direitos humanos.
De modo a que este episódio da história universal não seja esquecido, o National Geographic Chanel "envergou” o uniforme laranja - mecânica, e mostrou, num documentário, intitulado Bastidores: Guantánamo, tanto como funciona a prisão, como detalhes da vida quotidiana de presos e guardas. Tudo sob a atenta vigilância deste lugar, que quebra dia após dia com tudo o estabelecido na Convenção de Genebra sobre as leis de protecção de prisioneiros.

(Para saber mais sobre o documentário: http://issuu.com/fabius_46/docs/mundocontemporaneo_ed3 - pag. 10-11)


Espero que a humanidade não se esqueça deste hediondo exemplo de "se fazer justiça", e que não adopte uma posição similar à de certos islamitas fundamentalistas que querem apagar o genocídio de judeus, na Segunda Guerra Mundial, da história. Também, anseio que o fecho de Guantánamo não se torne uma manobra de distracção para a sociedade, com o objectivo de esconder outras prisões do conhecimento do mundo (como o recente caso, noticiado pela SIC, da secreta prisão israelita).
Mas, sem qualquer dúvida, o fecho da prisão de Guantánamo torna-se essencial e imediato. Aspiro que estes sejam os últimos latidos de vida duma das prisões mais conhecida por suas formas de implementar justiça e pelos nomes, os rostos e as lágrimas daqueles que deixaram nos seus barrotes grande parte das suas vidas como culpados da "guerra do terror" e mártires do outro lado da justiça. Só estes conhecem a verdade dos seus delitos.
Por isso Obama só me resta dizer-te: rápido que já se faz tarde!

Grethel Ceballos , nº 34034

Era uma vez uma estrela cadente…

Britain’s Got Talent não foi afinal ganho por Susan Boyle.
Parece que a beleza não só é vencedora absoluta, como o facto de se ser feio, e já agora velho e virgem (sim, virgem com aquela idade) é, hoje, um motivo para o suicídio.

Expor-se em público e em privado, mostrar não só a sobrancelha – sim, aquilo era uma única sobrancelha que se alastrava pelos dois olhos – como a sua casa, os seus crochets e as suas porcelanas,   para depois ser trocada por um grupo de bailarinos eléctricos e jovens (aposto que já não virgens) é humilhante.
Na verdade, ela foi uma espécie de aberração num circo de vaidades.
Do quase-quase "podes ser o que quiseres em Inglaterra" para o desfecho frustrante de "mas não foste, pára lá de sonhar, ó campónia", passaram sete semanas de vertigem, qual montanha russa de emoções e expectativas.
Imagino aquelas senhoras de cinquenta anos que transferiram para a pobre Susan o sentimento de "se ela pode vencer, qualquer um pode" acabarem, ontem, por chegar à conclusão de que não, o máximo dos máximos a que se chega é ao quase-quase para depois dar entrada no hospital por esgotamento.

Talvez o problema não esteja em Susan Boyle.
Talvez o sucesso que teve esteja directamente ligado aos outros todos que acharam espantoso uma pessoa tão subtraída dos padrões estéticos perfeitos ter "aquela" voz, como se de um fenómeno anti-natural se tratasse, só porque "é feia".
Talvez ela se tenha deixado atordoar com um estrelato súbito mas efémero, que a fez sair da rotina dos cães de louça e dos crochets entediantes.
Talvez agora Susan Boyle queira reaver a sua vida pacata, sem convites patéticos para participar em filmes pornográficos.

She dreamed a dream, só por isso, por ter ousado sonhar em voz alta – e com que voz, senhores – merece o nosso aplauso.

Paula Cristina Bicho, nº. 21832