segunda-feira, 15 de junho de 2009

Internet - Lugar de Hibridismo e de Nomadismo

O ambiente comunicacional promovido pelas redes e serviços telemáticos têm na sua essência a dimensão de híbrido, o que lhe dá uma natureza inovadora. Esta dimensão de hibridismo tem várias facetas que têm em comum a experiência da oscilação. Uma das dimensões em que o fenómeno é mais patente é na questão do local e do global.
Quando se utilizam os serviços em rede o sujeito fica suspenso entre o seu enraizamento local e a sua pertença global. O indivíduo vive a dimensão de híbrido quer pela possibilidade de incorporar tecnologia no seu corpo, quer pela fusão da identidade com a dinâmica da interacção telemática. A rede e serviços telemáticos são em si mesmo híbridos enquanto linguagem porque acolhem simultaneamente escrita, imagem, som, vídeo, unido pela estrutura de interactividade. É neste ambiente comunicacional, em que as fronteiras se diluem, que se desenvolve uma nova geografia que deixa de ter como elementos estruturantes o espaço e o tempo e passa a ter como estrutura os nós de conhecimento e de aglutinação motivacional como ímanes de atracção dos habitantes desse novo espaço.
Umas das particularidades dos sujeitos que utilizam o ciberespaço enquanto espaço de vivência é o nomadismo, na medida em que a ausência de átrio espaço temporal convida á mobilidade, que é dirigida pelas necessidades de informação, de saber e de pertença. Geram-se novos mapas cognitivos e novos laços sociais.


Ana Filipa Pereira, nº 35414

A Globalização

A globalização afecta todas as áreas da sociedade, principalmente a comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta. A globalização das comunicações tem a sua face mais visível na internet, graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada a imprensa local, agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como factor de limitação a barreira linguística.
Outra característica da globalização das comunicações é o aumento da universalização do acesso a meios de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de infra-estrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. Hoje uma inovação criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias e virar sucesso de mercado. Redes de televisão e imprensa multimédia em geral também sofreram um grande impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, algumas vezes por televisão por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro, desde NHK do Japão até Cartoon Network americana.
Pode-se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa accionado pela globalização tem impactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia, ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de informação a terem acesso a informação de todo o mundo, mostrando a elas como o mundo é e se comporta. Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto enorme quantidade de recursos para limitar o tipo de informação que os seus cidadãos tem acesso.

Susana Apolónio, nº 29814

25 de Abril de 1974

Não. Este não é mais um dos já fastidiosos posts, artigos, reportagens e afins que servem todos os anos de elegia ao dia que mudou a sociedade portuguesa quase na totalidade. Repito, quase na totalidade. De facto, este post serve mais como um manifesto contra a mentalidade do povo português. Passados 35 anos de democracia pluripartidária, três décadas e meia depois da queda da ‘velha-senhora’ ainda paira no ar aquela sombra – lugar-comum em romances e em filmes -, que agoira alguém insistentemente. Esse cliché cinematográfico aplica-se ao povo português como se aplica a um filme de Hitchcock ou a um livro de ficção científica.
Trinta e cinco anos depois, continuamos a viver com pequenos Salazares na cabeça. Fala-se mal da religião e, se não nos sentimos mal com isso (culpa de uma educação impregnada de anti-laicismo), são os que nos rodeiam que nos apontam os dedos, quais lápis azuis. Não blasfemarás o teu Deus! Nunca ultrapassámos o trauma da censura e o ‘complexo salazar’ devia constar no dicionário das doenças mentais.
No entanto, vivemos ao lado de um país que esteve tanto tempo quanto nós em ditadura e fico estupefacto quando vejo casamento homossexual, orgulho pela pátria (o futebol não conta) e acima de tudo pela cultura da pátria. Em Portugal, um filme português nunca presta e muitos de nós só o via se nos pagassem para isso. Em Espanha os filmes nacionais estão nos tops. Em Portugal, ler Camões, Eça e Pessoa é um exercício de masoquismo e Nicholas Sparks é um senhor da Literatura. Em Espanha, Cervantes é um herói nacional. Herói lido, diga-se de passagem.
Expostos estes considerandos, ainda que reduzidos, sobre a mentalidade portuguesa, fico estupefacto quando vejo alguém falar mal da política! Como é que uma pessoa que não nutre o mais ínfimo amor pela nação tem o desplante de falar mal de quem a dirige? Como é que alguém que nem sequer sabe quem são os candidatos às europeias pode ousar dizer que são todos uns gatunos, não os conhecendo sequer? Estas perguntas respondem-se com uma só palavra: libertinagem, a condição dos portugueses desde o dia 25 de Abril de 1974. Se é verdade que nos tempos idos da ditadura o povo votava mas não escolhia um representante, hoje em dia nem se digna a votar. Basta ligar a televisão ou abrir um jornal e somos cidadãos activos, cumpridores de todos os deveres.
No programa Os contemporâneos foram deixadas algumas soluções para combater a abstenção de voto. Isto sim levaria a recordes de voto nunca antes vistos.








Adriano Narciso, nº 34026

sábado, 13 de junho de 2009

Afinal o melhor emprego do mundo é no algarve


Depois do britânico Ben Southal ter sido o escolhido entre milhares para ter o “melhor emprego do Mundo” durante seis meses numa ilha paradisíaca na Austrália onde apenas terá de alimentar peixes, limpar a piscina e publicar um vídeo por semana no blog sobre a ilha (http://afritrexben.blogspot.com/) em troca de 83 mil euros, vem agora a público que “o verdadeiro melhor emprego do mundo” é no Algarve, mais propriamente no Rock One Portimão 09.
Os responsáveis por este festival de música irão seleccionar entre 6 a 10 pessoas para desempenhar as funções de relações públicas e animadores durante os 4 dias do evento (5 a 8 de Agosto) que se irá realizar no Autódromo Internacional de Portimão.
Quem for um dos escolhidos terá como função o acompanhamento de artistas, convidados, elementos da organização, jornalistas, patrocinadores ou outros visitantes.
Para concorrer (data limite foi 11 de Junho) era necessário ter uma idade compreendida entre os 16 e os 36 anos, e ter adquirido o bilhete para os 4 dias do festival (80€). Depois é só preencher um formulário que se encontra online no site http://www.rockone.pt/ (juntamente com uma fotografia de corpo inteiro) e esperar que se seja chamado para o casting onde os critérios de escolha serão: cultura geral, capacidade de comunicação e relacionamento, conhecimento de línguas, aprumo moral e presença física.
O que chama a atenção é a quantia que os seleccionados irão ganhar por 4 dias de trabalho: 20 mil euros.
Metade dessa quantia será paga em dinheiro e a restante metade será atribuída em vales de compras. Os escolhidos ficarão ainda hospedados num hotel de 5 estrelas da cidade de Portimão entre os dias 1 e 8 de Agosto, tendo também durante esse período um carro topo de gama à disposição. E nem aqueles que não tiverem carta de condução ficam a perder pois a organização disponibiliza-se a contratar um motorista.
Fazendo as contas, cada um dos “relações públicas” (que serão revelados dia 31 de Julho) ganhará cerca de 5 mil euros por dia.
Sem dúvida, aqui se revela uma grande estratégia de marketing.
vanessa costa, nº 34051

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Confissão

Gosto de ti três vezes por semana. Quando estás em silêncio, quando visitas o teu filho e quando me dizes boa noite.
Casámos há três anos, e em trezentos e sessenta e cinco dias de medo a multiplicar por três dígitos de solidão, ainda não descobri com que código encontrar o caminho do teu coração.
Deambulas pela casa, falas muito e nunca sabes que dizer, trazes nas mãos a doçura de uns lábios doces que ainda não aprendi ao certo como beijar.
Saio cedo e chego tarde. Encontro-te muitas vezes a dormir, como se o sono, por instantes, fosse o remédio para a dor e para o medo, o antídoto para as horas de solidão em que o meu corpo se encontra demasiado distante do teu.
Escrevi para dizer-te uma frase, uma frase apenas:
Ontem fui à igreja.
Disseste que me faria bem, disseste que me ajudaria a esquecer.
Não me recordo de todas as tuas palavras, como disse, falas de mais e eu, por vezes, escuto pouco.
Recordo-me apenas da tua expressão, das maçãs do teu rosto, do carinho do teu olhar.
Pediste-me que fosse.
- Precisas perdoar-te,
Disseste.
Como poderei perdoar-me se nunca saberei perdoar? Como poderei olhar-te, se nunca deixei que me olhasses? Como poderei esquecer-me se é o esquecimento que me mata por dentro?
Sentei-me. Ele olhou-me sem saber que eu nunca poderia olhá-lo. Disse-me:
- Que te traz por cá?
E eu, como no psicólogo, a fingir, sempre a fingir.
Ele sorri. Não tem medo da verdade. Encontra-a vezes demais.
Num instante, diz-me:
- Há quanto tempo o fizeste?
-3 meses , respondo eu.
Entendo agora que o melhor é começar pelo fim, ajuda-nos a ganhar coragem.
- Arrependes-te? - pronuncia na sua voz rouca e austera.
- Não. Por isso nunca saberei como perdoar-me - respondo-lhe.
Ele escuta o silêncio, entende que se trata de amor, apenas o amor pode falar assim, sem sentido, sem razão, e no entanto, tão profundamente carregado de mágoa.
Diz-me minutos depois uma frase que dificilmente esquecerei,
- O amor perdoa. O amor perdoa sempre.

Isa Mestre nº 34028

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Gatekeepers na Comunicação na Internet

No rescaldo do mês em que se comemora do dia de liberdade de impressão debruço-me sobre a casa do nosso blogue, a internet. E sobre a forma como as novas tecnologias, mais concretamente a Web 2.0 pode acabar com os gatekeepers e com as limitações convencionais de uma redacção, assim como medeia novas formas de comunicação.


É indiscutível, a nossa sociedade actual é vista como uma sociedade de informação e não é a toa que se usa esse termo. Há quem fale em sociedade de informação há quem fale em sociedade informacional, no sentido em que é utilizada como forma de atingir uma certa produtividade e apelando mais ao carácter da publicidade. Mas o que e certo é que a informação é central nas nossas vidas, na nossa sociedade.
Os meios de comunicação electrónicos, interactivos são de facto estruturantes nas construções das nossas relações na interligação cada vez maior entre a nossa esfera privada, entre o trabalho e lazeres. São a forma de mediar tudo a nossa vida e as nossas relações sociais.
Fernando carrapiço, professor de Informática e Tecnologias da Comunicação defende que « A Web 2.0 trouxe uma mais-valia muito forte à comunicação, na medida em que permite que haja novos públicos, que haja novas ferramentas e que a exposição e a recolha de informação seja feita de maneira diferente».

Se por um lado temos uma opinião em que a Web 2.0 é vista como uma possibilidade de se estabelecer comunicação com um público mais atento, e nessa medida ser mais interactivo e fugir dos limites convencionais de segurança da informação enquanto necessidade de controlo, «há uma fuga de controlo, e isso permite que a informação circule mais limpa, no sentido de ser mais pura, e mais fidedigna» como defende o professor.

Por outro temos a opinião da professora Filipa Cerol Martins, que lecciona disciplinas como Discurso dos Media e Jornalismos Televisivo e que já trabalhou como jornalista, que defende que a Web 2.0 poderá «não libertar os jornalistas de gatekeepers, porque eles têm que existir de qualquer maneira». Afirmando que o jornalista continua a ter as mesmas fontes, a partilhar as notícias com os seus colegas, continua a trabalhar num registo de uma redacção. Chegando mesmo a afirmar que a Web 2.0 pode em alguns casos criar mais um gatekeeper, que é o próprio leitor enquanto produtor da informação.

A ex-jornalista defende que o facto de haver mais ou menos gatekeepers não invalida que haja mais ou menos transparência no processo, e talvez a Web 2.0 permita essa interactividade, permita que haja mais velocidade e por outro lado mais transparência no processo, embora o jornalista tenha menos tempo para fazer justiça aquela que e a sua função que é mediar a sua função correctamente.

Numa altura em que se recorda o ganho da liberdade de expressão coloca-se em causa até que ponto os ideais e os limites convencionais de uma redacção não poderão funcionar como gatekeepers a um jornalista ou a alguém interessado em publicar um artigo de opinião.
A internet funciona como um espaço de partilha, de exposição e crítica de diversas matérias. Mas como tudo na vida apela-se ao bom senso do utilizador para que dela possamos tirar o maior proveito e expressar a sua opinião valorizando o facto de o podermos fazer livremente e reconhecendo a seriedade que o anonimato por trás de críticas tem na nossa sociedade actual.

Existem imensos comentários em blogues ou noutras plataformas de comunicação na internet em que os autores se refugiam atrás do anonimato para dizerem ou fazerem acusações menos apropriadas e que não se sentiriam a vontade para o fazer noutra situação.

Mas por outro lado temos casos em que a Web 2.0 concede alguma liberdade de expressão no mundo virtual, é o caso de yoani sanchez, que lhe permite exprimir sobre certos assuntos o que em praça pública no seu país, Cuba, não o poderia fazer. Com pena de ser severamente punida.

A Web 2.0 mostra-se assim como um refúgio a pressões politicas, mas não devemos encarar como uma Meca, mas sim como algo, que quando usado correctamente pode servir para comunicarmos, uma capacidade e acima de tudo necessidade do Homem.

A Web 2.0 apresenta-se assim como uma poderosa arma de difusão da mensagem.

O post de 30 de Abril no seu blogue Geration Y dizia que o MSN tinha sido cancelado no seu país, «agora a proibição vem do outro lado, precisamente da parte dos que fizeram um programa que nos ajudava a escapar do controle. “Foi interrompido Windows live Messenger IM para os usuários de países embargados pelos EEUU” diz a nota que a Microsoft publicou anunciando o corte. Sinto que com ela, nós os cidadãos, voltaremos a perder, pois os nossos governantes têm os seus próprios canais para se comunicarem com o resto do mundo. Isto é - claramente - um golpe para os internautas, aos “foragidos da rede” que somos quase todos os que entramos na Internet desde Cuba».


Mas a pergunta mantêm-se, podemos ou não exprimirmo-nos livremente através da internet e das ferramentas de comunicação que a Web 2.0 põe ao nosso dispor?
O blogue de CC tem aproveitado o que a Web 2.0 nos dá de melhor!

Sofia Trindade nº 35415

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Jardim Zoológico da liberdade de imprensa

Há lobos e cordeirinhos, mas quem é que está na lista negra de quem no jardim zoológico da liberdade de imprensa?
Menos de um ano depois de ter saído da lista negra dos países patrocinadores do terrorismo, tida pelos Estado Unidos, a presença da Coreia do Norte nessa lista volta a ser colocada em questão.
Entre os vários motivos que apontam para tal, fala-se nos mais recentes testes nucleares, feitos pela Coreia do Norte, mesmo depois de fortemente condenados os primeiros testes. Mas o motivado mais forte tem mesmo a ver com o que se fala e de que forma se fala.
Num atentado direccionado à liberdade de imprensa, que me preocupa especialmente como aluna de ciências da comunicação, mas também como membro da aldeia global, a Coreia do Norte condenou hoje, dia 8 de Junho, duas jornalistas americanas, Euna Lee e Laura Ling – ambas da cadeia de televisão Current TV, a 12 anos de trabalhos forçados.
Na lista negra da censura coreana encontram-se as duas jornalistas, por alegadamente terem passado de forma ilegal a fronteira. As mesmas foram detidas em Março passado, enquanto trabalhavam numa reportagem junto à fronteira da Coreia do Norte com a China.
A tomada de posição de Pyongyang, já foi condenada pelo Japão e pelos Estados Unidos da América, tendo a Casa Branca feito saber que que Barack Obama está “muito preocupado”.
Aproximadamente dois meses depois de se comemorar o dia internacional da liberdade de imprensa parece haver grandes restrições à mesma, as quais nem o Ocidente parece conseguir combater.
O comunicado da Casa Branca salienta que os EUA estão a usar "todos os canais possíveis" para obter a libertação das duas jornalistas.
Depois de te ter contado a história do capuchinho azul da imprensa, deixo que escolhas o lobo mau, porque zebras e listas pretas hão de haver sempre, no jardim zoológico da liberdade de imprensa onde é olho por olho, ouvido por ouvido e boca por boca!


Tânia Marques, nº 34050