terça-feira, 7 de abril de 2009

Todos os caminhos vão dar a Roma, mas como é que se chega aos Complexos Pedagógicos?

A construção da nova Biblioteca do Campus da Penha levou à destruição da rampa que dava acesso aos Complexos Pedagógicos da Penha, impossibilitando a Filipa de chegar aos anfiteatros onde tem aulas.
Filipa Ferreira é apenas mais uma caloira de Engenharia Civil, mas destaca-se dos outros colegas por ter Osteogénese Imperfeita, vulgarmente conhecida como a doença dos Ossos de Cristal. Tal condição obriga-a a deslocar-se numa cadeira de rodas e a enfrentar diariamente os obstáculos a nível de acessibilidade que existem na Universidade do Algarve.
O mais recente episódio deveu-se à construção da rampa que dará acesso à nova Biblioteca do Campus.
A construção da nova rampa levou à destruição da rampa antiga de acesso ao Complexo Pedagógico. Agora, para se deslocar até aos anfiteatros onde tem algumas aulas, a Filipa tem que fazer um percurso alternativo, tendo de entrar pelo fundo dos complexos, pela garagem, que não tem rede nem luz e subir no elevador da ala das salas de aula até ao 1º piso. Depois tem de passar a ponte e descer no elevador da ala dos anfiteatros até ao piso 0 onde tem aulas. Um caminho alternativo que lhe rouba aproximadamente 10 minutos, não contando com o atraso sistemático dos funcionários que não abriam, atempadamente, a porta que ligava a garagem à ala das salas de aula dos Complexos.
Foi devido a esse atraso dos funcionários, que alegavam estar a ler e-mails, que a mesma e a mãe escreveram para a Reitoria. A resposta à carta chegou dia 16 de Março. A Reitoria lamentou o sucedido e garantiu que a partir de então a porta estaria aberta. Assegurou que a construção da rampa seria apressada, mas não adiantou datas.
Apesar da boa vontade demonstrada pela Reitoria, a Universidade do Algarve apresenta graves falhas a nível da acessibilidade. No Campus da Penha, apesar das rampas colocadas à entrada das Escolas Superiores, as portas quase nunca abertas na totalidade são um dos maiores obstáculos para todos os que frequentam o Campus e têm mobilidade reduzida.
O acesso aos Serviços Académicos é feito por escadas ou uma rampa íngreme, a calçada irregular, os elevadores avariados, quando existem e os passeios não esbatidos são algumas das falhas existentes. Na ESGHT, por exemplo, só se tem acesso a uma ala do piso superior e através de um elevador de cargas. No Campus de Gambelas também existem falhas semelhantes.
Falhas que diariamente passam despercebidas à maioria das pessoas, mas que simbolizam grandes obstáculos a todos os alunos e professores com limitações de mobilidade.
Alerto, assim, não apenas para a rampa dos Complexos Pedagógicos do Campus da Penha, mas para a construção de rampas que permitam a união do caminho do conhecimento ao caminho da igualdade de direitos!
Sofia Trindade, nº35415

4 comentários:

  1. Infelizmente como a Filipa há muitas pessoas em situações semelhantes em Portugal. Muitas delas até têm dificuldades em entrar nas próprias casas. Mais incrível é ainda assistirmos a construções moderníssimas que não estão devidamente adequadas a pessoas com deficiências motoras. De facto, são estas "pequenas" situações que nos fazem repensar em assuntos que já deveriam estar plenamente consolidados desde meados dos anos 40 do século passado: a igualdade de direitos.

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  2. Eu compreendo os funcionários. Então e se a caixa de correio enche? Quem é que se responsabiliza? Então e depois como é que eles reenviam aqueles emails todos engraçados uns aos outros? E como é que depois têm sorte no futuro se receberem um daqueles mails para reenviar a um milhão de pessoas (caso contrário a vida vai-lhes correr mal para toda a eternidade) e não o reenviarem? Pois é meus caros, há coisas mais importantes do que estar a horas na garagem para abrir a porta à Filipa. Só a dificuldade imposta pelo factor "levantar o cú da cadeira" já justifica esse atraso de dez minutos! Aliás... até deveriam levar mais tempo, mas vá... vá lá... eles até dão um jeitinho!(Se eventualmente houve alguém que não percebeu, eu não estou a falar a sério)

    Daniel

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  3. Efectivamente é uma falha da Universidade do Algarve, mas, infelizmente não apenas desta instituição. Pelo mundo fora assistimos a situações idênticas, e somos muitas vezes protagonistas delas. Senão vejamos...Quando a cidade está apinhada de automóveis e a nossa ânsia é apenas arranjar um "buraquinho" onde estacionar o carro, tudo serve...até mesmo o passeio, que, na maioria das vezes já é estreito e mais estreito se torna quando "encurralamos" alguém com deficiências motoras entre o nosso carro e o que sobra da via pedestre.
    É importante observar, é importante apontar falhas, mas igualmente importante é promover uma mudança de atitude também em nós, cidadãos do mundo.

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  4. Realmente, e infelzmente, existem batantes casos deste género...

    Concordo com o que a Isa disse: ''promover uma mudança de atitude também em nós, cidadãos do mundo''...

    porque se não formos nós, quem será?

    Não estou a ver uma rampa de acesso ser construida por formigas... por muito trabalhadoras que elas sejam, faltam-lhes aquilo que nos somos, racionais!

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